Aldeia Nagô
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Fazer xixi, um ato automático como respirar. Por Edmundo Carôso

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Edmundo_Caroso

A única diferença é que – em se tratando dos homens, gênero ao qual pertenço e, portanto, posso falar com propriedade – não há estilo para este, mas, sem dúvida, para aquele sim. Cada qual empresta algo de sua personalidade ao xixi do momento; sendo a interseção o molhar da tampa do vaso e o levantar a dita a exceção à regra do desleixo masculino.

No meu caso, conduzo isso de forma bem simples. Sóbrio ou bebum, mão esquerda apoiada na parede e a direita livre conduzindo o jato – com tampa levantada, diga-se de passagem. Dona Lourdes gastou muitos anos da minha educação fazendo o sacrifício de me inocular esse hábito. Não tem erro. É algo sencillo demais, como diriam os espanhóis. Em 59 anos nunca aconteceu algo digno de nota, antes de hoje.

6:00h da manhã. Acordo apertado, com a bexiga cheia de cerveja e muita água. Corro para o vaso. Levanto a tampa de D. Lourdinha, mão esquerda na parede, a direita na pontaria e xiiiiii. Jato para direita, pra fora do vaso – ainda que Bac (tratamento com o qual as pessoas íntimas ao dito tratam Bactéria – o órgão microscópio que Deus me brindou para uma das necessidades excretoras e procriação) direcionado corretamente estivesse.

Sobre o parêntese acima devo dizer que lá pelos meus 10 anos eu havia batizado Bac como Orgulho da Nação. Mas ao notar que o seu crescimento não se dava proporcionalmente ao crescimento do meu corpo, entre uma lupa e o microscópio, resolvi rebatizá-lo. Ter autoestima nunca foi sinônimo de não ter desconfiômetro.

Continuando. Paro o xixi. Observo aquilo incrédulo. Um pitaco na glande deve resolver – pensei, enquanto tascava um peteleco no lugar devido. Sonolento, de olhos cerrados, como costumo fazer de manhã cedo, soltei o jato: xiiiiiiiiiiiiiii….!!!!…. Mas cadê o barulho da recepção da água do vaso?
Abro o olho e vejo à direita da privada um lindo e espesso lago amarelo crescendo cada vez mais no chão. Ai, meu Deus, terei de amassar Dona Glandelina, conclui.

Amassa daqui, amassa de lá. Amassa agora e depois e agora vai, pensei.
Abri a torneira novamente, mas dessa vez, atento, observando o resultado. Ainda que o canal da minha uretra estivesse devidamente apontado para o centro do vaso, o jato, como um reaça safado saia pronunciadamente para o chão, aumentando o lago que se formava à minha direita.

Desisto! – pensei puto da vida.

Foda-se! Mandei tudo pra porra e fui mijar sentado.

Foto de Edmundo Carôso.
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