Aldeia Nagô
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Filme revela importância de pinturas rupestres em sítios arqueológicos baianos

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O Sítio Arqueológico Gruta das Pedras Brilhantes, em São Desidério, é o tema do primeiro episódio da série documental “O lugar antes de mim”, que fomenta a valorização do Patrimônio Material brasileiro por meio da linguagem audiovisual. Dirigido por Karla Nascimento, o filme será apresentado no festival Finisterra, em Portugal, no final do mês; e lançado na próxima semana em sessões gratuitas nos municípios de Barreiras (15/05) e São Desidério (17/05).

O episódio Gruta das Pedras Brilhantes tem como fio condutor depoimentos de pesquisadores que partem do papel da arqueologia na compreensão da sociedade, avançam pelos tipos de sítios comuns no Oeste baiano e chegam à caracterização do sítio em foco no documentário. O documentário tem o apoio do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria? ?de? ?Cultura? ?do? ?Estado e do Fundo de Cultura da Bahia; e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac).

Os entrevistados percorreram outros sítios da região e consideram que a Gruta das Pedras Brilhantes serve como uma espécie de guia para um entendimento regional. “Nossa hipótese é que a gente possa comparar todos com essa gruta, pela sua concentração de elementos da arqueologia, tanto da pintura quanto do material lítico”, declara a mestre em arqueologia Fernanda Libório, professora da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob).

Foi durante o acompanhamento das pesquisas desenvolvidas por Fernanda, junto com estudantes de Barreiras, que a diretora se convenceu de que era necessário registrar e divulgar a magnitude do local.

Batizada devido à presença de pedras brilhantes, a gruta intriga os arqueólogos, que ainda não entraram em consenso sobre essa característica. O doutor em arqueologia Luydy Fernandes, professor da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), diz que o brilho tem três origens possíveis: uma reação química natural, ação humana ou uma combinação dos dois elementos. Ele comenta que quando alguma intervenção humana remove o brilho, ele volta a surgir, o que reforça a ideia da origem natural.

Além das pedras que brilham, o documentário mostra estalactites, estalagmites e coraloides, sempre explicando seus processos de formação. Menos conhecidos, os coraloides são “pequenas deposições ao longo da parede, que é como se a rocha estivesse suando água”, explica o geólogo e paleontólogo Leonardo Morato.

Com uso de uma tecnologia especial, a produção revela cores intensas nas pinturas rupestres encontradas no Sítio Arqueológico Seu Camé. “O olho humano é extremamente limitado para a percepção das representações rupestres”, explica o doutor em arqueologia Carlos Costa, professor da UFRB. Em tons de amarelo e vermelho, além de preto, os pigmentos identificados são de óxido de ferro, óxido de manganês, caulinitas e carvão.

Interessada em alcançar também o público leigo em arqueologia, a diretora usa uma linguagem acessível e dá voz ao conhecimento popular, trazendo entrevistas de um

guia local e um antigo morador. “Espero que a série colabore para a conscientização dos espectadores sobre a história não oficial, diferente da eurocêntrica que nos é apresentada”, declara Karla. Na sua opinião, “a construção da memória é imprescindível para a formação da identidade pessoal e coletiva”.

Karla é natural do Paraná, onde dirigiu anteriormente o documentário “Pelos traços de Poty?” e produziu “As pedras o vento não leva”. É entre seu estado natal e a Bahia que ela procura o próximo lugar a ser abordado na série “O lugar antes de mim”.

“A proposta é fazer circular registros sobre povos que habitavam o nosso país em tempos remotos. Mostrar que outras civilizações habitavam a América antes do período das Grandes Descobertas e recuperar aspectos? ?de? ?seus? ?cotidianos”, afirma Karla sobre o objetivo da série.

SERVIÇO

Lançamento em Barreiras

Quando: 15 de maio, 19h

Onde: Auditório do Pavilhão de Aulas 2 – Ufob

Lotação: 180 lugares 

Lançamento em São Desidério

Quando: 17 de maio, 19h

Onde: Praça Central

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