Morre José Carlos Limeira por Jorge Baptista Carrano
Aqui fica um vazio poético sem tamanho mas para ele, um descanso enorme do tamanho da sua poesia… suave, intensa, negra e bela como ele. Resta a lembrança num texto que me rebuliça a cada vez.
ESTAÇÕES INTERNAS
Estou contando
com a primavera.
Ultimamente
não tem havido flores.
Dentro de mim,
tenho andado
meio chuvoso,
horizontes nublados,
embora tempestuosos,
são frios, frios.
Hoje de manhã
não abri a janela
saí de surpresa,
e de surpresa vi o dia,
estava lindo.
E fiquei sem vontade
de mudar minha
meteorologia interior.
Decididamente
vou romper
com este inverno,
estou muito úmido
por dentro.
E para tanto,
receita simples,
vou com o vento
comer, devorar,
um raio,
um raio de sol.
José Carlos Limeira