No bar todo mundo é igual por Jorge Portugal
Choro, hoje, a morte de Reginaldo Rossi, como chorei, antes, a morte de Waldick Soriano.São artistas cuja partida física deixam um buraco monumental no coração da gente.
Da gente latina, brasileira, romântica, sentimental que não se reduziu aos preceitos de Descartes e sucessores e, muito ao contrário, gritou ,às escâncaras, com Maiakóvski: “ a anatomia está errada: sou todo coração!”
Reginaldo esteve comigo, há cinco anos no programa Aprovado! – quando eu o apresentava – e transformou o fato em data inesquecível.O tema era “Revolução Francesa”, o professor-convidado Zé Nilton Andrade, mas Rossi não se conteve nas linhas demarcatórias de um convidado musical: tomava a palavra sempre, fazia digressões sobre o tema, aprofundava aspectos do debate e, ao final, ao cantar a celebérrima “Garçom”, justamente na parte que diz “Garçom, eu sei que meu caso é banal/ NO BAR TODO MUNDO É IGUAL …” lançou-me um olhar de inteligente soslaio e, sorriso irônico, improvisou: “Revolução Francesa, professor!”.
Rimos à beça com suas “tiradas” geniais quando, no minuto final do programa, ele encarou a câmera e mandou: “ quem me chama de brega é babaca; eu sou um intelectual!”
Nem precisava, Rossi.Seu lugar é a alma profunda e o coração do seu povo.Você falou ao sentimento de sua gente e será eterno nessa lembrança e saudade. A poesia simples e sincera dizendo das dores de amores e dos idílios impossíveis; daquilo que é a “matéria-vida tão fina” na vida real das pessoas.
Choro, agora, por você. Eu e tantos outros, anônimos, que o amaram sinceramente como eu o amei também.Não importam as diferenças.Como você nos ensinou, NO BAR TODO MUNDO É IGUAL.
Jorge Portugal, seu eterno fã.