O Fio da Vida. Por Zuggi Almeida
A vida chega contida em carretéis com uma quantidade de fios diversas. Uns com mais, outros com a quantidade menor.
Ai, está resumido o enigma da vida.
Alguns carretéis possuem fios tênues,e logo que começam a ser desenrolados, partem-se, e perdem a função em dar sentido à existência do ser.
Aos outros, seguem à extender ao longo do caminho sua duração, e esses fios tornam-se mais resistentes aos esforços submetidos e delineiam o sentido da vida.
Sendo carretéis com formatos diferenciados, os tipos de fios que tecem a vida trazem inúmeras especificações que necessitam ser obedecidas as normas de uso sobre o risco de romperem-se durante o tempo de uso.
Nós, os proprietários de cada um desses carretéis não temos acessos ao conteúdo exato de um suposto manual de prática.
Portanto, o modo de uso e a experiência são o que determina a aplicabilidade e o respeito pela constituição dos fios pessoais. O passar do tempo nos ensina o melhor modo como desenrolar nossos carretéis e permitir usufruir da maior quantidade possível da dimensão dos fios disponíveis.
Mas, a vida mostra-se abstrata quando o fio do carretel de um parente, amigo ou alguém mais próximo se parte. Aí, ficamos sem entender e procurando definir o sentido exato da vida.
Uma incógnita para seres viventes, e que a prática da filosofia ainda não esgotou em sua prospecção por respostas.
Quem seria o grande construtor desses carretéis da vida? Seria um Deus? Quais as representações fiéis desse Ser Supremo?
Alguns buscam no divino a solução para equacionar as perdas importantes de um parente, um amigo ou alguém mais próximo. A compensação está no prolongamento dessa existência num mundo espiritual. Outros voltam-se para explicações cartesianas da Ciência que resumem no fim de um ciclo biológico.
No entanto, os carretéis continuam chegando,
ao mundo e sendo desenrolados, espichados até o limite, não utilizados em todo seu conteúdo, extintos, ou seguindo os cursos de traçar roteiros de vida
O mapa da existência é constituído por um emaranhado de fios com destinos aleatórios, diversificados e improváveis. O grande desafio é não perder a rota dos fios do seu próprio carretel.
Talvez, daí venha a expressão “ ter a vida por um fio!”
Quem sabe?
P.S:essa crônica e dedicada a um grande amigo que teve o fio da vida quebrado nessa semana. Acho que ele ainda tinha um pouco mais de linha no seu carretel.
-Zuggi Almeida é baiano e cronista de ocasião.