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O que dizer da insistência litero-romântica do amor? por Luane Campos

1 - 2 minutos de leituraModo Leitura
Luane_Campos

Essa repetição narrativa de tentar-se inventar com um outro, essa bobagem solene de completar-se, de achar um fim. Uma busca birrenta por um traço faltante ao texto.

 

Esse insistente texto a procura de um leitor. 
Amor é um exercício poético. Foge a rima, a métrica, ao tempo e a norma, mas não escapa a pirataria. 
É esse navio fantasma que se dirige ao horizonte utópico. Cegos e caolhos, como piratas maltrapilhos, perambulam os românticos vagantes a procura do seu tesouro litoral, aquilo que, literalmente, captura, o lugar onde as palavras e o corpo encontrem um porto, que aquiete as bordas do desassossego. Tesouro-traço que suponha preencher a lacuna da escritura. 
O amor é o engano que todos desejam pela sua máscara clownesca, pelo seu brilho cor de ouro lusco-fusco, pelo suspiro pós gozo, pelo gemido sofrido, o amor é essa pequena morte…esse eterno perder-se de si. 
O que ele tem que me afeta? Um olhar, uma voz, uma seta, seta que aponta meu desejo, que me direciona ao que não sei, esse doce conforto achado num beijo. 
O amor é a tristeza na gaiola, uma almofada na dureza do juízo, um entardecer na alma, um naufrágio impreciso. O amor é uma possibilidade de re-edição. 
Repetindo, repetindo, repetindo, navegam os textos incompletos nessa ambiguidade entre “a dor e a delicia”, textos que namoram a beleza abrasadora da tragédia, porque querem uma marca de intensidade. 
Esse tal de amor, pura comédia!

O que dizer da insistência litero-romântica do amor? </p><p>Essa repetição narrativa de tentar-se inventar com um outro, essa bobagem solene de completar-se, de achar um fim. Uma busca birrenta por um traço faltante ao texto. Esse insistente texto a procura de um leitor.  Amor é um exercício poético. Foge a rima, a métrica, ao tempo e a norma, mas não escapa a pirataria.  É esse navio fantasma que se dirige ao horizonte utópico. Cegos e caolhos, como piratas maltrapilhos, perambulam os românticos vagantes a procura do seu tesouro litoral, aquilo que, literalmente, captura, o lugar onde as palavras e o corpo encontrem um porto, que aquiete as bordas do desassossego. Tesouro-traço que suponha preencher a lacuna da escritura.  O amor é o engano que todos desejam pela sua máscara clownesca, pelo seu brilho cor de ouro lusco-fusco, pelo suspiro pós gozo, pelo gemido sofrido, o amor é essa pequena morte...esse eterno perder-se de si.  O que ele tem que me afeta? Um olhar, uma voz, uma seta, seta que aponta meu desejo, que me direciona ao que não sei, esse doce conforto achado num beijo.  O amor é a tristeza na gaiola, uma almofada na dureza do juízo, um entardecer na alma, um naufrágio impreciso. O amor é uma possibilidade de re-edição.  Repetindo, repetindo, repetindo, navegam os textos incompletos nessa ambiguidade entre "a dor e a delicia", textos que namoram a beleza abrasadora da tragédia, porque querem uma marca de intensidade.  Esse tal de amor, pura comédia! LC</p><p>Imagem de Max Ernst- sábado(Uma semana de bondade, 1933)

Imagem de Max Ernst- sábado(Uma semana de bondade, 1933)

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