Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

O Tombo por Marcos A. P. Ribeiro

1 - 2 minutos de leituraModo Leitura
Marcos_Augusto_Pessoa_Ribeiro2

Caminhava jubilosamente pela clara e fresca manhã de janeiro, quando, no Campo Grande, tropecei numa pedra solta no passeio e caí: apoiei as mãos no chão e girei sobre mim mesmo, como numa cambalhota, para evitar bater a cabeça no solo.

A manobra foi bem-sucedida; apenas as palmas das mãos ficaram esfoladas.

Mas nos transeuntes que vinham logo atrás de mim e presenciaram o tombo – pessoas que se dirigiam apressadamente ao trabalho -, o episódio repercutiu.

Um homem com macacão deu-me a mão para que me levantasse:

– Tudo bem?

Assenti com a cabeça.

Uma senhora negra, com um excesso de peso que indicava bonomia, lenço na cabeça, óculos de grau, dirigiu-me o comentário:

– Ainda bem que não bateu a cabeça.

Sorri em agradecimento.

O grupo seguiu seu caminho.

Levantei-me, limpei a poeira da roupa, passei os dedos pelos cabelos, retomei a caminhada.

Alguns minutos depois, encontrava-me ao lado da senhora negra.

Prontamente ela me estendeu um folheto impresso com material religioso e disse:

– Jesus te ama. Ele vai te livrar de todo o mal.

Creio que achou que naquele momento eu não o recusaria.

Compartilhar:

Mais lidas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *