Nacionalismo e o fascismo. Por Fernando Horta |
Cidadania | |||
Qui, 20 de Julho de 2017 01:30 | |||
Existe um argumento circulando nas redes a respeito do conceito de "fascismo". Já o li diversas vezes, em publicações minhas (em diversos lugares), algumas vezes defendido por historiadores. O argumento é que não estamos vivendo nada parecido com o fascismo porque o fascismo era "nacionalista" e o que estamos experimentando é uma entrega material e ideológica aos interesses estrangeiros. Eu defendo que estamos já em uma das tantas camadas do fascismo e uma ou outra vez tentei me manifestar a respeito deste argumento. Como me perguntaram diretamente a respeito disto, vamos pontuar algumas coisas; (1) é errado dizer que o fascismo era nacionalista sem antes discutir o que é nacionalismo. De antemão podemos dizer que "nação" é um termo polissêmico e nacionalismo é a ideologia que se constrói sobre o termo nação. Dito isto vamos a algumas conclusões (a) a ideia de nação é politicamente construída e não existe antes do discurso que a invoca. Assim, não existe uma "nação alemã" antes que agentes políticos digam que a nação alemã tem as características A, B e C e que quem não tem não faz parte. Daí terminando, cuidado para não usarmos como ponto de diferenciação um conceito que não diferencia nada. E não diferencia exatamente porque é feito para ser maleável e servir aos interesses de quem exerce o poder político. A nação de Lula era inclusiva materialmente e em termos de direitos sociais e políticos. A nação de Temer é exclusiva materialmente. A nação que querem grupos fascistas, como o do bolsonaro, é totalmente excludente, lembram que "quilombola não serve nem para procriar", segundo o "jênio" deputado carioca. Vivemos sim um modelo de sociedade fascista, e o uso da ideia de "nação" (excludente) e sua associação ao discurso nacionalista (preconceituoso) é uma das principais características deste momento. O fato de os nossos fascistas não verem problemas em entregar o que é pátrio aos estrangeiros NÃO É PROBLEMÁTICA. Hitler não viu problemas em financiar os italianos, em fazer acordos com a URSS ou em aceitar ajuda de capitalistas estrangeiros para criar seu poderio. Chiang Kai Shek, por exemplo, via menos problemas na invasão japonesa à China do que no exército de Mao Tse Tung. As elites brasileiras, historicamente, nunca viram os EUA como um "problema", e sim como um aliado contra os grupos sociais indesejados (as "clases peligrosas" que falam os historiadores da américa). Por isto pode-se sim - e deve-se - reconhecer como fascista a direita entreguista brasileira. Seu conceito de "nação" é excludente com relação aos grupos pobres de brasileiros natos e aceita as ingerências yankees, mas esta ilogicidade não os torna menos fascistas.
|
Agenda |
Aldeia Nagô |
Capa |