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O refluxo da História restabelece a verdade. Por: Paulo A. Santos
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Cidadania
Dom, 09 de Agosto de 2020 01:13

Paulo_CayresQuando explodiram as chamadas “Jornadas de Junho”, eu senti que um refluxo da História estava por acontecer. Por uma feliz coincidência, havia uma discussão que estava ocorrendo na universidade que tocava em reflexões sobre essas bolhas de movimentos “populares” em inúmeros lugares no mundo.

Eu sentia que havia algum tipo de interferência. Não havia muito sentido que um movimento que começou por causa de vinte e cinco centavos, ganhasse proporções gigantescas e incendiasse o país. Inicialmente por vinte e cinco centavos e apartidário, em pouco tempo o movimento popular e legítimo haveria de ser sequestrado e ampliado pela ultra-direita reacionária.

Não havia sentido, sobretudo, por que naquele momento o Brasil era uma Suécia de proporções continentais – a economia bombava e o desemprego chegava a sua menor taxa histórica. Estava bom demais para ser verdade. O Brasil nunca esteve tão próximo de sua eterna vocação de grandeza.

Um futuro tão profetizado por décadas passadas estava a um milímetro de nossas mãos – já sentíamos a sua energia esquentar o nosso ânimo. Pipocava pelo mundo reportagens que retratavam o brasileiro como o povo mais feliz do mundo e o Brasil como uma potência inevitável.

A Transposição do São Francisco tão prometida desde os tempos do império encontrara alguém com a ousadia necessária para realizá-la. Somente por isso, o Presidente Lula já seria merecedor de nosso respeito e veneração.

Levar água para milhões de pessoas é muito mais do que levar mais vida para as pessoas; é levar sobrevida, desenvolvimento. A água é essencial para a saúde, para o cultivo da terra, para a atividade econômica. Com toda essa potência que a água pode proporcionar ao nordeste brasileiro, o Governo Lula fez internamente deu o primeiro passo para uma grande transformação na narrativa geográfica, histórica, social, cultural e econômica do nordeste – isso não é pouca coisa.

Com a descoberta do Pré-Sal, em decorrência de um alto grau de investimentos em pesquisa patrocinado pelo governo, o sentia que o Brasil já não poderia ser contido em sua vocação histórica para a grandeza. Algo que não poderia ser admitido pelo império do norte. Dilma Rousseff se reelegera e isso foi a gota d’água para quem estava cansado de perder.

Sem aceitar o resultado das eleições, o candidato perdedor iniciou um movimento que viria a ser abraçado pela elite e por uma parte do segmento da classe média. O resultado foi catastrófico, a Presidenta Dilma foi retirada fraudulentamente do poder e após isso, o que se tem visto de norte à sul, de leste à oeste a é fumaça da destruição.

Em 2018, um ano intenso, pressentíamos que poderíamos ter o Brasil de volta. Torcemos, lutamos, disputamos a narrativa, mas perdemos, diante de um contexto de grande violência narrativa e na relação entre as pessoas. Uma enxurrada de notícias falsas contaminaram a atmosfera que já não era muito respirável.

Somado a isso, acontecimentos aparentemente fabricados mudaram o curso das eleições. Hoje, no contexto da pandemia do coronavírus, em que o Brasil faz um papel vergonhoso de gestão da crise sanitária, é necessário ao país olhar para o retrovisor da História e refletir sobre as escolhas que tem sido feitas.

Sobre a Dilma, se muitos já a viam como inocente naquele processo espúrio do impeachment, hoje se pode chegar a conclusão de que a sua dignidade é luminosa, uma inspiração para os brasileiros, sobretudo, para as mulheres deste país.

Sobre o Lula, está cravado na história do mundo democrático como um dos maiores estadistas democratas que uma democracia já pode produzir. O comportamento, a grandeza de Lula diante de um processo kafkiano.

Na sentença, o juiz do caso sequer conseguiu nomear o crime que motivaria a condenação, ao definir como “atos indeterminados”, tipificação esdrúxula e criminosa, inexistente no mundo jurídico, em qualquer democracia.

Mesmo inocente, o Presidente Lula, resolveu cumprir a determinação judicial de se apresentar para o cumprimento da sentença, por que sabia de seu papel histórico. Tinha plena consciência, naquele momento, da disputa narrativa que estava sendo empreendida.

Após cerca de 580 dias, com o advento das revelações escandalosas da #VazaJato, pelo site de jornalismo investigativo The Intercept, sem conseguir sustentar a narrativa fraudulenta, o judiciário foi de certa forma empurrado pelo refluxo da História para que tomasse a decisão de conceder a liberdade, ainda que com restrições ao Presidente Lula.

O lançamento do documentário dirigido por Petra Costa, “Democracia em vertigem”, de certa maneira organizou a narrativa de forma que se tornou constrangedor para os agentes que participaram da rede conspiratória que desviou o Brasil de seu curso histórico.

Em ato falho, o ex-presidente Michel Temer, no tradicional de programa de entrevistas Roda Viva, afirmou não ter participado do golpe – reconhecendo discursivamente que foi golpe. Mais uma vez, a História se impôs através da narrativa.

Existe ainda, de forma marginal, narrativas que corroboram para que a verdade se restabeleça, tal como a delação em que Lúcio Funaro, em que confessou que deu dinheiro à Eduardo Cunha para literalmente comprar deputados para o impeachment.

Eu sempre acreditei na afirmação poderosa que dá nome ao livro conta essa história. “A verdade vencerá” nunca esteve tão perto de se concretizar. A História é, realmente, implacável – eu só não sabia que seria tão rápido. A verdade se restabelece e a História há de atribuir a cada qual o que lhe é devido, mais cedo ou mais tarde.

Artigo publicado originalmente em https://atmosferapolitica.wordpress.com/2020/08/09/o-refluxo-da-historia-restabelece-a-verdade/

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