Nessa última sexta-feira não houve a já tradicional Roda de Samba que o Grupo Botequim organiza já há mais de quatro anos no Largo Sto Antonio. A SUCOM resolveu jogar pesado com os eventos e manifestações públicas da cidade.

Tudo agora tem que ter autorização para acontecer. Quem não tiver com a papelada da burocracia em dia, não pode realizar seu evento.

Estamos diante de uma demonstração de seriedade e organização da nova administração municipal, ou são novamente as garras de um autoritarismo que historicamente sempre reprimiu as manifestações populares que não se adequam à lógica que eles pregam ????

Há mais de quatro anos acontece a roda de samba no Largo Sto Antonio, reunindo mais de mil pessoas, uma grande quantidade de comerciantes, num evento público e gratuito que valoriza o samba tradicional brasileiro e seus grandes compositores. Espaço onde os sambistas e artistas da cidade podem se expressar livremente, dar sua canja, cantar, tocar, declamar sua poesia, fazer seu protesto, sambar.

Porém, esse evento não dispõe de nenhum patrocínio ou auxílio financeiro para acontecer. Pasmem, mas é isso mesmo ! O evento só acontece pelo esforço e boa vontade do Grupo Botequim, que entende que a roda de samba tradicional é um espaço que tem que ser respeitado e valorizado, por ser uma das manifestações mais significativas e expressivas da cultura popular brasileira.

O evento acontece também, porque os comerciantes ambulantes se reúnem e se cotizam para cobrir os gastos com a sonorização e o aluguel do toldo. E mais nada ! Os músicos do Grupo Botequim não recebem um tostão sequer de cachê, assim como não existe nenhuma infra-estrutura para o evento acontecer, como banheiros químicos, limpeza do local, segurança (apesar de nesses quatro anos não ter acontecido nenhuma briga ou ocorrência mais grave).

Onde está o poder púbico que não reconhece iniciativas desse tipo ? Que ignora um evento como esse, que busca valorizar a nossa cultura, que busca respeitar a memória e os valores tradicionais da nossa música, que reúne um número enorme de pessoas que buscam esse espaço como alternativa à lógica mercadorizada e banalizada que se transformou a cultura baiana ?
Até quando a roda de samba do Sto Antonio vai resistir sem um mínimo apoio público ou privado ?

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