O Brasil passou uma semana debatendo um assunto muito importante: o direito à liberdade de expressão e o respeito que se deve ter àqueles que dedicam sua vida na luta por democracia e direitos humanos na rede mundial de computadores.

A liberdade é um direito inalienável de todos os cidadãos e cidadãs e não devemos tolerar nenhuma forma de intimidação ao exercício dessa prerrogativa. Qualquer tentativa de impedir ou atrapalhar as manifestações políticas dos ativistas da internet, dos blogueiros, deve ser repudiada,  duramente criticada e coibida.

Muitas pessoas perderam a vida na luta por democracia e liberdade em todos os cantos do mundo. Todo o tipo de perseguição foi promovido com os que lutaram contra as tiranias, as ditaduras, os governos que não toleram opiniões divergentes, os governos de uma voz só, do pensamento único, da intolerância com os diferentes. Essas ditaduras ainda existem e tem poder político descomunal no mundo atual. A luta pela derrubada dessas ditaduras continua e todos os democratas e patriotas devem manter essas bandeiras erguidas para que as gerações futuras não sejam vítimas de um modelo antidemocrático, autoritário, onde poucos possam divulgar suas opiniões e a grande maioria fica condenada a apenas ouvir, sem poder se manifestar.

Atualmente no mundo temos dois exemplos claros da intolerância contra pessoas que lutam pela plena liberdade de expressão e por divulgação da verdade sobre acontecimentos políticos que não são divulgados por governos e   imprensa subserviente a estes. Um está preso no Estados Unidos e outro confinado na embaixada do Equador, em Londres.

Bradley Manning serviu ao Exército americano no Iraque e está preso desde de 2010 - um confinamento solitário que não dá direito nem mesmo a assistência jurídica. Ele foi acusado de ter vazado um vídeo que mostra o bombardeio pelas tropas de ocupação na população civil no ano de 2007 em Bagdá. Como se sabe, é uma prática comum da maior máquina de guerra do mundo assassinar civis nos países que invade e ocupa. Foi assim na Coréia, no Vietnan, no Iraque, no Afeganistão, sem falar nas bombas atômicas que despejou sobre o povo japonês. Mas "a maior democracia ocidental" - na verdade, a maior ditadura do capital -,  pregador de ocasião da liberdade de expressão, não aceita que seus crimes bárbaros, como jogar bombas sobre crianças, mulheres e idosos, cheguem ao conhecimento público. Na cobertura das guerras de rapina que realiza com muita frequência, os "repórteres" escalados para a "cobertura", são meros serviçais dos assassinos invasores e funcionários de jornais e TVs associados e coniventes com as barbaridades.

Bradley encontra-se preso em condições desumanas, uma demonstração inequívoca de que os verdadeiros ditadores só aceitam a versão  dos fatos que eles divulgam. Ele é mantido nu, em isolamento permanente, impedido de dormir, sob iluminação de câmeras 24 horas por dia, o que a CIA chama de "tortura sem contato". Não é permitido nas ditaduras capitalistas  que alguém ouse contrariar os interesses do capital. Se os EUA usam o assassinato de civis como forma de amedrontar e render a população dos países que invade, sua "democracia" não permite que se divulgue. E se alguém  deseja  usar a liberdade de expressão para divulgar essas ações criminosas, covardes, o resultado é cadeia, solitária, humilhação, e possível condenação à morte, sem faltar a tortura, é claro, pois os inimigos da liberdade de expressão  não abrem mão de torturar os que defendem a democracia e a informação verdadeira. Para os que não se lembram, foi exatamente os EUA quem treinou os torturadores que mataram dezenas de milhares de pessoas na América Latina que lutavam por democracia e liberdade de expressão para o povo.

Julian  Assange, jornalista australiano, um dos fundadores do WikiLeaks,  está confinado há seis meses na embaixada do Equador em Londres. Antes, estava preso em prisão domiciliar, de onde conseguiu sair para o “exílio”.  Segundo o próprio, a intenção do governo inglês - outra ditadura do capital, o conhecido cãozinho de estimação dos EUA, aliado deste nos genocídios que promovem mundo afora - , é deportá-lo para a Suécia, que iria  deporta-lo para Washington, onde seria assassinado ou condenado à cadeira elétrica. Qual Razão? Qual o crime dele? É  um crime "bárbaro". O WikiLeaks vazou milhares e milhares de documentos comprometedores das potências imperialistas e seus sustentáculos mundo afora, incluindo as informações do soldado Bradley Manning. Entre as divulgações, consta as torturas físicas e psicológicas feitas pelo exército americano aos presos em Guantânamo, parte do território Cubano ocupado ilegalmente pela ditadura do capital. Foi divulgado também uma vasta documentação que comprova os crimes de guerra patrocinados pelos EUA no Iraque e Afeganistão, onde as tropas ianques assassinaram centenas de milhares de pessoas. Quando o WikiLeaks vazou os telegramas secretos da diplomacia americana ficou escancarado como os EUA se relaciona com agentes infiltrados nos países - inclusive no Brasil.Aqui, o agente do governo americano, jornalista Diogo Maynart, foi flagrado  em atividades criminosas  participando de reunião na embaixada americana para passar “informações” aos chefes. Se fosse nos EUA um caso desses, esse fascistinha que fugiu para a Itália poderia pegar no mínimo prisão perpétua  por se associar com outros governos contra seu país. Outro jornalista famoso que aparece nos documentos vazados é o do Jornal da Globo, William Waak, classificado nos telegramas,  assim como Diogo, como “informante”. O pior de tudo isso é que o governo brasileiro não tomou nenhuma providência contra esses dois funcionários do governo americano no Brasil. Vejam bem, os dois "defensores" da liberdade de expressão, dois representantes legítimos da ditadura da mídia, “trabalham” ,  sem qualquer constrangimento,  para o  país da "liberdade de expressão.Recentemente passou pelo Brasil  a blogueira Yoani Sanchez, uma espécie piorada de Diogo Maynart,  a serviço da CIA.  A mercenária, assalariada da ditadura do capital, teve todos os meios de comunicação do país - a ditadura da mídia e do capital - a seu lado. Somente sua versão sobre a Ilha foi veiculada pelos jornais e TVs. Os que se manifestaram contra a agente infiltrada foram considerados  "terroristas", "fascistas", etc. Os capitalistas querem botar Assange na cadeia alegando crimes sexuais, uma verdadeira farsa típica de ditadores. Se o governo Cubano prendesse a assalariada dos EUA e a acusasse de algum crime comum, a ditadura do capital do mundo inteiro iria afirmar tratar-se de fraude. Mas Yoani segue livre em Cuba, enquanto Assange continua preso/exilado e Bradley, detido sob torturas. Onde é mesmo que tem ditadura?

Por fim,  uma pergunta: se por acaso um blogueiro americano, financiado pelos russos e chineses, saísse  mundo afora falando mal de Obama e fazendo críticas duras ao governo do país, o que aconteceria quando ele retornasse? Iria ser preso, julgado como "traidor da pátria" e um rápido choque elétrico encerraria sua ousadia de se contrapor à ditadura do capital.

(*) Geraldo Galindo é diretor do Sindicato dos Bancários

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