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Kunduz – jornalismo tendencioso. Por Mário Augusto Jakobskind
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Dando o que Falar
Seg, 26 de Outubro de 2015 01:38

Mario_Augusto_jakobskindA tragédia ocorrida em um hospital de Kunduz, no Afeganistão, em que um bombardeio aéreo provocou 22 mortos, entre pacientes e médicos, inclusive do grupo Médicos sem Fronteiras, é realmente um “crime de guerra”, como considerou a Organização das Nações Unidas (ONU).

E o que é ainda pior, os responsáveis pelo atendimento médico do hospital avisaram às partes envolvidas nos combates na região que o hospital deveria ser poupado. Além do apelo não ter sido levado em conta, quando os bombardeios se iniciaram houve mais avisos que não foram atendidos.

Mas o comando militar da OTAN avisou que no hospital estavam escondidos combatentes talibãs, o que foi desmentido veementemente pelos que davam atendimento médico aos necessitados.

A lamentável ocorrência merece algumas reflexões em termos de cobertura da mídia hegemônica nacional e internacional, algo bem oportuno e que ajuda a entender melhor o fenômeno da manipulação da informação, muito em voga nos dias atuais.

Foi visível por parte dos jornalões e no noticiário jornalístico nos canais de televisão o pouco destaque dado à tragédia provocada ao que tudo já indicava em um primeiro momento pela Força Aérea dos Estados Unidos, que operava na região quando houve o bombardeio.

Foi uma cobertura burocrática em que os editores evitaram todas as formas incriminar os Estados Unidos, apesar das evidencias. Podem imaginar o que fariam esses editores se eventualmente a Rússia fosse responsável por um bombardeio em um hospital? E que algumas horas depois o mesmo hospital tinha sido desativado, ficando os afegãos da região atingida sem hospitais de emergência?

Menos de 24 horas antes, os mesmos jornalões e noticiários de televisão procederam de outra forma em relação ao bombardeio aéreo da Rússia a alvos terroristas incluídos o Estado Islâmico na Síria.

Desta vez, o noticiário, com base em fontes do Pentágono, revelava com estardalhaço que os caças russos atingiram civis, tendo sido apresentados vídeos com crianças feridas. Vídeos questionáveis quanto à relação com os bombardeios de caças russos. O desmentido de Moscou apareceu de forma secundária, quase de passagem.

Ou seja, a verdade do Pentágono reinou absoluta, mas a versão russa ficou em segundo plano. Prevaleceu a versão estadunidense e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que se limita a criminalizar o Presidente sírio Bashar al Assad, como o grande e único vilão do conflito no país árabe.

Em nenhum momento foi mencionado que os governos russo e chinês não aceitam que a Síria se transforme numa Líbia, um país estraçalhado, que na prática deixou de ser um país, já que depois dos bombardeios ficou sob o controle de inúmeras milícias e também de grupos terroristas.

E tudo aconteceu após os bombardeios da OTAN, que algumas mídias tupiniquins denominam Aliança Atlântica, desconhecendo como Organização do Tratado do Atlântico Norte. Na ocasião, Rússia e China se abstiveram na votação do Conselho de Segurança da ONU autorizando a ação militar que além de desestruturar um país deixou um saldo incalculável de vítimas.

Em nenhum momento a mídia hegemônica colocou na mesa de discussões o interesse dos Estados Unidos pela passagem pela Síria de um gasoduto que facilitaria os lucros de empresas multinacionais do setor.

Alguns comentaristas disseram com alarde que os caças russos bombardearam ”combatentes democráticos” na Síria, silenciando que os tais “democratas” foram e estão sendo treinados pela Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA).

Mais uma vez os comentaristas respaldaram a versão do Ocidente responsável direto pela atual situação na região e no Norte da África, que está provocando uma onda de milhares de refugiados, alguns nem conseguindo chegar a Europa, pois são tragados pelas águas do Mediterrâneo.

Tais fatos dão bem a ideia de como caminha a mídia hegemônica, tanto em termos de cobertura internacional, como nacional e a área econômica.

Mário Augusto Jakobskindjornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil). Consultor de História do IDEA Programa de TV trasnmitido pelo Canal Universitário de Niterói, Sede UFF – Universidade Federal Fluminense Seus livros mais recentes: Líbia – Barrados na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla , lançado no Rio de Janeiro.

Artigo publicado originalmente em http://www.correiodobrasil.com.br/kunduz-jornalismo-tendencioso/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20151026

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