‘Tigrada’, ‘matilha’, ‘bruxa queimada’: o Estadão merece a morte lenta que está tendo. Por Kiko Nogueira |
Dando o que Falar | |||
Qui, 05 de Maio de 2016 02:17 | |||
A capa do Estadão de hoje é uma versão gráfica de uma escalada antijornalística delinquente. Dê uma olhada ao fim do artigo A bruxa queimando na fogueira da Olimpíada foi festejada pelos velhos que ainda lêem o jornal e, nas redes sociais, por inocentes inúteis cultivados na Paulista. Um dos que vibraram é o senador Agripino Maia, presidente do DEM, acusado em fevereiro de ter embolsado 1 milhão de reais num esquema de inspeção veicular. Agripino parabenizou inclusive o autor, Dida Sampaio. Dida é um especialista nesse tipo de truque. Ganhou o prêmio Esso do ano passado com uma imagem de Dilma andando de bicicleta em Brasília tendo ao fundo um lava jato. Genial, não? Palmas para o Dida. O jornal dos Mesquita é uma viagem num túnel tenebroso do tempo. Apoiou a “revolução” de 64 e tenta, no grito, dar uma face legal ao golpe ora em curso. A ameaça comunista dos anos 60 foi trocada por imbecilidades gasosas como lulopetismo, bolivarianismo etc. Editoriais reproduzem, com cheiro de naftalina, o linguajar chulo e o espírito dos revoltados online. A jornalista Cileide Alves fez um excelente levantamento sobre o papel da mídia no impeachment de Dilma, publicado no Observatório da Imprensa. Um trecho:
Em 13 março, petistas foram promovidos a uma “matilha”. Em 24 de abril, registrou-se a volta da “tigrada”, que desta feita estava “em guerra contra Temer”. A palavra, como ensina o professor Juremir Machado da Silva, sociólogo pela Sorbonne, tem origem nos escravos que carregavam excrementos em barris para desová-los. Por causa das marcas nas costas, ficaram conhecidos como tigres. A desumanização está no manual básico do fascismo. A Alemanha nazista precisava livrar-se dos “ratos”, “vermes”, “tumores cancerosos”, “bactérias” etc. No “Mein Kampf”, Hitler escreveu que os judeus eram “portadores de bacilos da pior espécie”. Sempre serão “o parasita típico, um bicho, que, tal como um micróbio nocivo, se propaga cada vez mais, assim que se encontra em condições propícias (…) o povo, que o hospeda, vai se exterminando mais ou menos rapidamente.” O desespero do Estadão, que não é vendido pela única razão de que não tem comprador, explica uma parte dessa indigência. A conta também deve ser debitada na degenerescência da família fundadora. Uma matéria na Piauí do falecido Sandro Vaia, ex-diretor de redação, menciona um relatório de um consultor financeiro do grupo que observava que a quarta geração dos Mesquitas “perdeu-se em rixas banais e hostilidades fúteis”. Como esquecer da foto de um siderado Fernão Lara Mesquita com um cartaz “Foda-se a Venezuela” num protesto de 2014? São as janaínas paschoais da mídia. Temer e o grupo que ele representa são uma esperança para o Estadão, um bastião do liberalismo que espera recolher verbas publicitárias federais como recompensa pelo trabalho sujo. As do governo Alckmin não tapam todo o buraco. Basta ver os passaralhos bimestrais. Temer vai adiar a morte do jornal, mas não a impedirá num prazo curto. Recentemente, a sede teve de ser evacuada por causa de uma infestação de mosquitos da dengue no fosso do elevador. É uma várzea. O caixote de cimento na Marginal Tietê está abandonado há anos, assim como o jornalismo praticado ali, um lixo feito sob medida para alimentar fascistas. Artigo publicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/tigrada-matilha-bruxa-queimada-o-estadao-merece-a-morte-lenta-que-esta-tendo-por-kiko-nogueira/
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