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Ilusões norte-americanas, por Daniel Afonso da Silva
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Dando o que Falar
Seg, 13 de Junho de 2016 03:59

DANIEL-AFONSOAs eleições e presidências de Barack Obama (2008 e 2012; 2009-2013 e 2013-2017) forjaram o sonho do país pós-imperial, pós-americano e pós-racial.

Pós-imperial em oposição explícita aos desatinos da era Bush e de sua guerra ao terror. Pós-americano em aceitação da redistribuição do poder mundial na presente fase da globalização. Pós-racial com eleição de um negro de sobrenome Hussein à presidência da República.

Na última terça-feira, 07/06, Hillary Clinton conseguiu o número majoritário de delegados para embasar sua candidatura à sucessão de Obama. Em seu discurso no Brooklyn, imediatamente após essa vitória interna, ela enfatizou como feito histórico a nominação de uma mulher à corrida presidencial pelo partido democrata. Em seu entender, isso demonstra o avanço da política e da sociedade norte-americanas à era pós-machista.

Entretanto, a ascensão irresistível de Donald J. Trump e sua plausível possibilidade de ser o próximo locatário da Casa Branca representam a contestação desbragada de toda essa euforia do “após” evidenciando a profundidade do mal-estar norte-americano e dando mostra do conservadorismo ambiente no país.

No inverno boreal de 2008-2009, o comentário mais frequente entre os eleitores do republicano John McCain era que pela primeira vez, o velho país branco, anglo-saxônico e protestante seria presidido por um negro, de linhagem muçulmana e afeito ao multiculturalismo.

Esse comentário guardava certo espanto e esboçava alguma neutralidade. Essa neutralidade foi se dissolvendo logo nos primeiros meses da presidência do primeiro não-branco, não-protestante e não-anglo-saxônico a habitar na Casa Branca.

As dificuldades desse presidente atípico em superar a crise financeira ampliaram a frustração dos 99% representados nos protestos em Wall Street. A relativa morosidade no tratamento de constrangimentos internacionais levou até membros do 1%, geralmente discretos, a vociferar contra o governo.

Pari passu ficou clarividente que a era do “após” não passava de uma ilusão. E que a harmonização dos embates raciais fora a maior das ilusões. Os incidentes de Ferguson em 2014, para ficar apenas num, mostram o quanto esses embates seguem no coração das intrigas sociais norte-americanas.

Muito do sucesso do plutocrata Donald J. Trump é depositário dessas intrigas.

Essas intrigas portaram a emergência de certa obsessão identitária nos Estados Unidos. Por melhor perceber e jogar com essa obsessão, Donald J. Trump conseguiu desbaratar seus adversários republicanos e tem fortes chances de fazer o mesmo com a candidata democrata.

Os vetores reacionários dessa obsessão consideram Donald J. Trump como a “grande esperança branca” (“great white hope”). Essa ideia de “great white hope” reabilita os mais nefandos demônios do racismo nos Estados Unidos. Quase todos encarnados na concepção de “nativismo (ou purismo) branco” (“white nativism”).

O “white nativism” surgiu nos Estados Unidos pelos idos de 1790 para justificar a superioridade de europeus e norte-americanos residentes no país. Conseguintemente, indígenas e afro-americanos desde então foram considerados não puros; ou simples e efetivamente impuros. O imperativo do purismo purista justificaria o genocídio contra indígenas (Native Americans), forjaria a escravidão, estabeleceria as leis de Jim Crow, a prisão em massa de afro-americanos e ainda daria legitimação aos maus-tratos e/ou banimentos de chineses, japoneses, latino-americanos e muçulmanos do país.

Na impressão de Timothy McGettigan & Earl Smith em seu recente A Formula for Eradicating Racism: Debunking White Supremacy (Palgrave Macmillan, 2016), Donald J. Trump e seu “make America great again” representam nada mais que a atualização, consolidação e imposição desse odioso “white nativism” na sociedade norte-americana contemporânea. Mas esse “nada mais” poderá conduzir o magnata à Casa Branca.Hillary Clinton e Bill Clinton no casamento de Donald Trump

Artigo publicado originalmente em http://jornalggn.com.br/noticia/ilusoes-norte-americanas-por-daniel-afonso-da-silva

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