Ciro oscila entre a mesquinhez e a burrice. Por Fernando Brito |
Dando o que Falar | |||
Sex, 08 de Fevereiro de 2019 18:22 | |||
A volta de Ciro Gomes à política que ele abandonou no período decisivo para o país causa tristeza e constrangimento. O povo brasileiro, derrotado por uma avalanche de histeria criada pela mídia e pela justiça, ameaçado por um governante que a todos inspira medo do autoritarismo, da perseguição política, do obscurantismo das ideias, não merecia ver uma de suas referências políticas reduzir-se ao comportamento de garoto birrento e mimado. Ciro pode ter todas as divergências do mundo com o PT. É legítimo. Mas o que está fazendo com declarações estúpidas e grosseiras – como gritar, histericamente, que “Lula está preso, babaca”. Houve e há muita gente presa sem que isso represente vergonha. A história da humanidade está mais cheia de heróis presos, talvez, do que reverenciados pelo poder. Ciro oscila entre a mesquinhez e a burrice. Mas sempre dentro da sua pequenez, como quem não consegue entender a política como um processo social, muito mais que pessoal. Ou como a austeridade não se confunde com moralismo barato. Convivi, por mais de 20 anos, com um homem de práticas austeras como jamais vi na política e que nunca desceu a este udenismo de ocasião. Ciro diz que o admira mas não tem o sentido da história e, por isso, jamais consegue pensar em ponto grande. Infelizmente, isso não é tudo o que se pode dizer de suas atitudes. Bater nos indefesos e perseguidos é coisa de gente mesquinha e deformada. Comemorar, mesmo que indiretamente, a prisão e a nova condenação de um homem de 73 anos, virtualmente atirado a terminar seus dias numa cela, ainda mais quando este homem foi seu parceiro, seu chefe e que era – ou ao menos pensava ser- seu amigo, é algo que não merece palavra menor que sórdido. Não à toa veio pretender liderar o PDT após a morte de Brizola, não antes. Tal como Cristovam Buarque tentou fazer, para tornar-se, hoje, uma figura melancólica. Nenhum dos dois estava disposto a resistir à Síndrome de Estocolmo e sestrosos, apaixonarem-se pelos que nos sequestram a mente. Ciro Gomes é também um homem condenado ao limbo da microscopia. Jamais será aceito pela direita, avança a passos para ser desprezado pela esquerda. Mas o que é fatal é mesmo sua capacidade adquirida de ser entre as palmeiras que se vergam ao vento dominante, um coqueiro-anão. Artigo publicado originalmente em http://www.tijolaco.net/blog/ciro-o-coqueiro-anao-verga-se-aos-ventos-e-vira-minion/
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