Lula estava certo em lutar até o fim para provar sua inocência, diz Ricardo Kotscho |
Dando o que Falar | |||
Ter, 14 de Janeiro de 2020 04:12 | |||
Em nenhum momento o ex-presidente fraquejou nesta determinação férrea de provar sua inocência, nem mesmo quando foi impedido de disputar uma eleição praticamente ganha. Só poderia duvidar disso quem não conhece o caráter deste sertanejo teimoso, que saiu dos fundões do nordeste num pau-de-arara, para se eleger primeiro presidente operário da nossa historia. Para Lula, provar que a Justiça cometeu um crime ao condená-lo, com base em convicções, “provas indiretas” e matérias de jornal, era mais importante do que voltar a ser presidente. As revelações feitas pelas reportagens do site The Intercept neste final de semana apenas confirmam o que Lula e seus advogados vinham falando desde o começo desta farsa judicial, e todo mundo já sabia, até o papa Francisco:
Numa das conversas com Moro, Dallagnol digitou com todas as letras: “Falarão que estamos acusando com base em notícia de jornal e indícios frágeis… então é um item que é bom que esteja bem amarrado. Fora esse item, até agora tenho receio da ligação entre Petrobras e enriquecimento, e depois que me falaram tô com receio também da história do apto… São pontos em que temos que ter as respostas ajustadas e na ponta da língua”. Tranquilizado por Moro, quatro dias depois destes receios, Dallagnol apresentou o famoso PowerPoint para acusar o “esquema criminoso do PT”, que serviu para a condenação adrede preparada pelo ex-juiz, agora ministro da Justiça de Bolsonaro. Em outro trecho da denúncia é reproduzida esta mensagem de Dallagonol, que não deixa dúvidas sobre as “provas” da acusação: “Tesão demais esta matéria de O Globo de 2010. Vou dar um beijo em quem de vocês achou isso” Assim foi montada a farsa dos grandes “heróis nacionais” para condenar o melhor presidente da República da história, e que era favorito para voltar ao cargo, segundo todas as pesquisas. Com toda razão, o Comitê Nacional Lula Livre divulgou nota nesta segunda-feira exigindo das cortes superiores “a imediata libertação e o pleno reconhecimento da inocência” de Lula. Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos maiores criminalistas do país, expressou em nota o que a maioria dos juristas manifestou após a divulgação da reportagem do site Intercept: “É necessária uma investigação profunda para saber se havia uma organização criminosa tentando usar a estrutura do Poder Judiciário em proveito próprio e com fins políticos. O Brasil precisa e merece saber a verdade. O Judiciário está sob suspeita”. Para saber a verdade, recomendo a leitura na íntegra dos diálogos entre Moro e Dallagnol , reproduzidos pelo site na internet. Flávio Dino, governador do Maranhão, foi direto ao ponto: “Moro é suspeito e todos os seus atos são nulos”. Resta saber se agora, finalmente, o Supremo Tribunal Federal vai colocar na pauta o processo que mudou os rumos políticos do país e até hoje deixa na cadeia um ex-presidente, que não desiste nunca de provar sua inocência. Vida que segue. Artigo publicado originalmente em https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/analise/58954/lula-estava-certo-em-lutar-ate-o-fim-para-provar-sua-inocencia-diz-ricardo-kotscho?fbclid=IwAR3ACUDK-RPR4R0jWgSLCBWJgrennuXWsJhm1TtmGfUx5yFDkB9tBKnnWKA
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