Afroturismo, economia criativa, música, audiovisual e empreendedorismo são os principais pilares que compõem a primeira edição do Festival Salvador Capital Afro, evento totalmente gratuito, previsto para acontecer de 30 de novembro a 4 de dezembro, em vários espaços do Centro Histórico. A iniciativa reunirá, em cinco dias de experiências, uma série de ações voltadas para fortalecer e valorizar os produtos e serviços locais fornecidos por pessoas pretas, bem como para estimular o desenvolvimento de políticas públicas necessárias para o posicionamento de Salvador como uma cidade antirracista.

Pensado para agregar uma diversidade de público e interesses, o evento promoverá uma conferência com nomes de projeção nacional e internacional para debater estratégias e ações que transformem Salvador em uma capital antirracista. Além disso, o desenvolvimento econômico será pautado através de rodadas de negócios, mentorias e feira, envolvendo o trade turístico e as indústrias criativas, além de workshops e oficinas. Apresentações musicais, performances e exposições também fazem parte da programação, celebrando a produção cultural afro-baiana da cidade.

O festival é visto como uma base de transformação social, cujo foco é mobilizar pessoas e negócios e envolver, de forma atrativa, a sociedade, e, sobretudo, toda a cadeia de afroempreendedores da cidade, gerando lucro e renda para esse público. A expectativa é atrair um público de mais de 10 mil pessoas.

Legado ancestral

De acordo com o Prefeito Bruno Reis, o festival é o ponto alto do Movimento Salvador Capital Afro, que busca projetar a cidade como referência nacional e internacional no afroturismo. “Salvador tem uma identidade cultural afro bastante forte, com potencial para assumir maior protagonismo entre viajantes que querem mergulhar neste legado e reconectar com aspectos ancestrais. Vamos conquistar essa posição de destaque, fortalecendo quem faz essa cultura permanecer viva e pulsante: os afroempreendedores da indústria criativa que aqui residem", afirma o gestor municipal.

Ainda de acordo com Reis, a prefeitura vem realizando diversos investimentos para movimentar a economia criativa preta local, incluindo o Movimento Salvador Capital Afro. “Dessa forma podemos projetar a cidade como um importante destino no afroturismo, enfatizando essa identidade cultural única no planeta, atraindo visitantes e, com isso, gerando emprego e renda para a população”, finalizou o prefeito.

Pioneirismo e Inovação

O movimento Salvador Capital Afro é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Salvador, através da Secretaria de Cultura e Turismo, no âmbito do PRODETUR Salvador, em parceria com a Secretaria da Reparação. O projeto tem financiamento do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Segundo Iuri Mattos, Coordenador geral do Prodetur Salvador, o projeto está se convertendo num case de sucesso dentro do BID: "Os resultados positivos da ação vem chamando a atenção do agente financiador e não há nada melhor do que esse reconhecimento pelo trabalho pioneiro e inovador que estamos construindo".

Para Simone Costa, Coordenadora do Núcleo de Ações Turísticas do Prodetur Salvador, o projeto é um marco importante do Plano do Turismo Afro: “Quando pensamos no festival, sonhamos que fosse um evento provocativo, estimulando a inovação do trade turístico, conectando grandes investidores e players ao trabalho dos afroempreendedores e apresentando conteúdos criativos e importantes para chegarmos a um real reconhecimento do protagonismo da população negra de Salvador e valorização da identidade desta cidade, que é negra”.

Rodada de Negócios e Mentorias

Com o propósito de potencializar o ambiente de negócios dos afroempreendedores locais, o Festival Salvador Capital Afro promoverá uma série de rodadas de negócios e mentorias em parceria com especialistas dos setores do afroturismo (Diaspora.Black), afroempreendedorismo (Monique Evelle e Inventivos), audiovisual (Diáspora Lab e NordesteLAB) e música (Maquinário Produções).

Durante as rodadas de negócios, 100 artistas, empresários, produtores, diretores e roteiristas dos segmentos audiovisual e música terão a chance de apresentar seus projetos a empresas nacionais e internacionais, como produtoras, canais de TV e streaming, no caso de audiovisual, e curadores, produtores e realizadores de festivais, no caso da música.

Já as mentorias serão voltadas para os setores do afroturismo e empreendedorismo e, ao todo, serão selecionados 120 projetos liderados por profissionais negros. No segmento afroturismo, o objetivo é fomentar e desenvolver o ecossistema com guias, agências, empreendedores, coletivos ou associações culturais ligadas à cultura negra, para promover conteúdos, desenvolvimento, conexão e pertencimento. Já os afroempreendedores selecionados terão a oportunidade de vislumbrar caminhos para a evolução de seus negócios, com aulas relacionadas ao mercado, como transformar ideias em negócio, atração de clientes, como construir autoridade e credibilidade usando a Internet e como construir um negócio lucrativo a longo prazo.

Segundo o Coordenador do Prodetur Salvador, Iuri Mattos, as Rodadas de Negócios realizadas pelo  AfroBiz Salvador, trouxeram resultados impactantes para muitos afroempreendedores, agora vamos ampliar para outros os segmentos criando novas oportunidade de negócios, potencializando assim a economia criativa da cidade e inserindo-os definitivamente na economia do Turismo,

Música

Entre os dias 1º e 4 de dezembro, artistas locais apresentarão seus trabalhos musicais para o público e para players do mercado (curadores, programadores) em palco localizado no Largo do Cruzeiro de São Francisco. Os shows foram escolhidos pelo grupo curatorial formado pela jornalista Camila França, o DJ Branco, a produtora Edmilia Barros, o músico e pesquisador Fabrício Mota e o músico e produtor Vince Athayde. Serão 15 apresentações, com uma curadoria diversa, com trabalhos contemporâneos e também de música tradicional, incluindo samba, rap e música pop.

O festival será encerrado por um grande show, no dia 4 de dezembro, às 18h, na Praça da Cruz Caída. Com direção musical de Fabrício Mota e Ênio, a apresentação reunirá as Ganhadeiras de Itapuã, Larissa Luz, Lazzo e Russo Passapusso,expoentes da música baiana que farão uma grande celebração à cultura negra soteropolitana.

 A secretária de Cultura e Turismo, Andrea Mendonça, comemora: “As ações do Plano de Desenvolvimento do Turismo Afro estão dinamizando a economia da cidade e fortalecendo financeiramente os negócios criativos da nossa cultura, tornando o destino ainda mais forte e atrativo”.

Feira AfroBiz

Cem empreendedores negros cadastrados e selecionados no AfroBiz Salvador - plataforma que conecta a indústria criativa afro da cidade com consumidores e investidores do Brasil e do mundo - terão seus produtos e serviços expostos na Praça da Sé, nos dias 3 e 4 de dezembro, sempre das 9h às 17h.

Segundo a secretária municipal da reparação, Ivete Sacramento, esse será um festival que evidenciará as potencialidades do povo negro da cidade, mostrando aos soteropolitanos e todo o povo brasileiro como Salvador mantem-se como polo criativo, mesmo diante das adversidades. “Deixaremos um legado aos poderes públicos e toda a cadeia de investimento, de que é sim possível investir no povo, no talento, na arte e, acima de tudo, respeitando a ancestralidade e o recorte das ações afirmativas como políticas de transformação e poder para o povo preto”, afirma.

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