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Uma diversidade de manifestações artísticas marcaram o encerramento do evento internacional: Uma Jornada com Três Homens Pretos
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Seg, 04 de Setembro de 2023 15:55

Uma_Jornada_com_Trs_Homens_Pretos_Foto_Andr_FrutusoA Senzala do Barro Preto, no Curuzu, foi palco do último dia do evento internacional "Uma Jornada com Três Homens Pretos - Trauma, Ritual & a Promessa do Monstruoso". A programação, encerrada com os donos da casa: A banda do Ilê Aiyê, que manifesta o orgulho negro, reuniu, neste sábado (2/09), homens e mulheres para um debate sobre cura, ancestralidade e o futuro da comunidade negra no Brasil, seguiu sob a condução do professor e filósofo Bayo Akomolafe, do mestre em Pensamento Sistêmico Orland Bishop e do escritor e terapeuta Resmaa Menaken.

 

Um dos momentos mais emocionantes foi a participação da escritora e pesquisadora Vovó Cici, que contou histórias sobre os orixás e histórias de amor dessas divindades, além de explicar as tradições de seus ancestrais. As narrativas contadas por Vovó Cici encantaram o público e também os três homens pretos.

Para Resmaa Menaken, essas histórias fazem todo o sentido para a busca do bem-estar e da cura dos negros.  “Nessa jornada, que começou em Los Angeles, eu nunca tive a experiência de ver o amor em uma sala de uma forma que não precisasse descobrir, porque o amor já estava na sala. Vejo aqui a possibilidade de dar vida a algo, vejo que alguma coisa pode nascer daqui. As histórias de Vovó Cici fazem todo o sentido nessa jornada. Vim de um lugar, nos Estados Unidos, em que não somos seres humanos e que nossa negritude é uma marca da inferioridade. Lutamos constantemente para que isso mude”, completou o escritor.

Salvador se destaca no cenário nacional pela presença ativa da comunidade afro-brasileira. Essa peculiaridade foi ressaltada por Orland Bishop. Ele expressou felicidade em estar aqui na capital baiana nesta discussão sobre o futuro da população negra. “Estou alegre de estar nesse extraordinário lugar de sabedoria. A negritude ideal não tem só a ver com o que o corpo expressa, mas vai muito além disso”, ressaltou Bishop.

Ancestralidade, arte e cultura

A história da comunidade negra de Salvador e de toda a Bahia despertou o interesse de Bayo Akomolafe. O professor e filósofo afirmou que continuará vindo ao estado para aprender mais sobre a cultura afro local. Segundo ele, Salvador pode ensinar muita coisa para o mundo, principalmente em relação à ancestralidade e tradição. “O mundo quer se parecer com a Bahia e com Salvador. Vamos continuar voltando aqui para aprender sobre o carnaval, Ilê Aiyê e toda a cultura do estado. A Bahia é um convite e uma encruzilhada, e quem se senta na encruzilhada é Exu”, disse Bayo.

Foi através da performance inspirada no Orixá Ossain, da coreógrafa e professora de dança afro, Marilza Oliveira, que os três ativistas negros conheceram um pouco sobre a cultura afro na Bahia. “Não estamos sozinhos e sozinhas. Vamos celebrar nossos medos e nossas conquistas”, observou Marilza. Ela explicou que esse momento teve como principal objetivo unir as pessoas, conectá-las umas às outras.

Nessa perspectiva, os participantes foram conduzidos a uma reflexão, de olhos fechados e ao som do tambor, com a música "Árvore", de Edson Gomes, interpretada pelo cantor Dão. O encontro contou também com a apresentação do poeta Lucas de Matos, que declamou um poema de Jorge Portugal (in memorian).

União e um futuro melhor para o povo negro

Além das apresentações artísticas e culturais, o evento internacional contou com palestras de lideranças femininas que abordaram temas importantes para a comunidade afro-brasileira, sendo unanimidade que a união da população negra é o principal caminho para a cura dos traumas e a promoção de um futuro melhor para essa população.

A líder negra Valdecir Nascimento concorda que a sociedade negra deve se unir em prol de um objetivo comum e que o encontro com os três homens foi necessário para ajudar a conscientizar outros homens negros sobre a importância de se unirem em prol da cura e do bem-estar da população negra. “Os homens negros precisam se unir às mulheres negras para lutarem contra tudo que nos oprime. Se isso não acontecer, será muito ruim para as comunidades quilombolas e para a periferia”, enfatizou Valdecir.

A união também foi defendida pela pescadora e quilombola da Ilha de Maré, Marizelha Lopes. Ela lembrou da luta dos quilombolas e pediu justiça à líder do quilombo dos Palmares (Simões Filho), Bernadete Pacifico, assassinada por defender o território quilombola. “Não podemos defender o sistema que nos oprime. Precisamos que os governantes e a sociedade escutem o feminino dentro de si. Somente assim encontraremos soluções para tudo isso que acontece com os negros”, destacou Marizelha.

A Doutora em Estudos de Gênero, Mulheres e Feminismos da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Carla Akotirene, destacou que homens e mulheres devem estar unidos para combater todas as injustiças sofridas pelos negros. “Foi muito importante participar do evento e estar ali, pois acredito que o feminismo negro já demonstrou que é aliado, ama e não solta a mão do homem negro, mas é necessário esse homem negro segurar a nossa mão com força, pois nossa família e comunidade precisam”.


Avaliação positiva

Os participantes afirmaram que se sentiram felizes com a vivência compartilhada pelos líderes negros e baianos.  “O que mais me tocou no evento foi a coletividade. Não ficamos apenas assistindo, mas participamos ativamente de cada atividade. Fomos uma voz uníssona. Isso foi muito marcante”, disse o músico João Almy.

Já a dançarina e pesquisadora Andréia Oliveira afirmou que o debate foi enriquecedor e que ajudou a trazer novas discussões e reflexões. “O que mais me toca é o uso de nossas tecnologias ancestrais. Uma delas é a brincadeira. O brincar ficou paralisado na fase da infância, sendo que o brincar é para percorrer toda a nossa vida”.

Resma reforçou que nosso povo está morrendo justamente porque não brinca mais. “Isso me arrepia. Voltar a brincar, ter esse afeto, deixar o coração pulsar o entendimento. Bayo trouxe para a gente o reavivar, que é transformar o que já temos e nos valorizar. Orland focou na ritualização para falarmos com nossa ancestralidade e natureza”, explicou.

O começo

Com a aprovação do público, a idealizadora do evento e ativista norte-americana Victoria Santos prometeu que os três ativistas negros voltarão à Bahia para novas discussões. “Isso aqui não é o fim. Isso aqui é só o começo, porque nós vamos voltar. Além disso, vamos analisar e avaliar todos os projetos que estamos recebendo de pessoas que querem o nosso apoio e que desejam se conectar com esses líderes negros”, concluiu.

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Última atualização em Ter, 05 de Setembro de 2023 06:00
 

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