Calçadas esburacadas, postes fixados em pisos táteis, elevadores desativados e ausência de rampas. Esse é o drama vivido por cerca de 6,7% da população com deficiência no Brasil, segundo a margem mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em nível global, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 10% da população de cada país possua algum tipo de deficiência.

Ainda segundo o IBGE, as calçadas acessíveis representam somente 4% da infraestrutura urbana dos 26 estados brasileiros e o Distrito Federal (DF), configurando mais de 90% do pavimento urbano nacional impróprio para a movimentação de deficientes físicos, visuais, auditivos ou múltiplos.

Somente na capital baiana, estimativas apontam que 26% da população é formada por deficientes físicos. Para o candidato a vereador de Salvador Carlos Lopes (PROS), o direito a acessibilidade vem sendo negado à categoria, devido a problemas de mobilidade e infraestrutura urbana. Para o empresário e umbandista, a falta de fiscalização do poder público tem como consequências obras inacessíveis ou mal estruturadas para pessoas com mobilidade reduzida.

“Com todo o incentivo que Salvador tem em mobilidade urbana, não é plausível a cidade estar tão carente de obras voltadas a acessibilidade. Poucas são as rampas nas ruas, e quanto existem, são mal pavimentadas, expondo o deficiente a uma situação vexatória. Os pisos táteis, indispensáveis para deficientes visuais, acabam incompletos em determinada faixa ou esbarram em estruturas que não deveriam estar empatando esse fluxo. As pessoas que tem deficiência em Salvador ou que possuem mobilidade reduzida são expostas todos os dias a situações humilhantes. Devemos mudar esse panorama urgentemente”, afirma.

Candidato pelo Partido Republicano da Ordem Social (PROS), Carlos explica que as dificuldades dos deficientes físicos vão além da mobilidade urbana, a exemplo do mercado de trabalho. Com o advento da pandemia, o político ressalta a dissolução de 23 mil postos de trabalho formais para pessoas com deficiência (PcD), atestado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

“Além de ser necessário fiscalizar a infraestrutura urbana acessível, outra política pública indispensável, sobretudo com a crise da covid-19, é reinserir as pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Trazer cooperativas sociais, voltadas para inserir esses profissionais via trabalho autônomo é uma alternativa ainda pouco explorada na capital, que pode e deve ser utilizada”, elucida o candidato.

Segundo o empresário, o investimento em mobilidade urbana para pessoas com deficiência deve estar interligado a distribuição de equipamentos solidários em comunidades carentes, a exemplo de cadeira de rodas, muletas, cadeiras de banho e andadores. De acordo com Carlos, os moradores de bairros periféricos da capital sofrem com o custeio de equipamentos.

“Falar em mobilidade não se restringe a ruas e avenidas. Quando a população não tem acesso nem ao equipamento ideal, o Estado deve agir para atender suas necessidades. Além de regularizar mobilidade, emprego e acesso, devemos também trazer à tona o lazer para essas pessoas. Salvador, tão conhecida por suas orlas encantadoras, ainda não possui um projeto concretizado para praias mais acessíveis. Devemos propor um debate democrático, cada vez amplo, sobre as dificuldades enfrentadas pela categoria com relação a cidade”, conclui.

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