Muita gente, aqui & alhures, não entende os motivos de eu andar tão metido ultimamente, mas vou tentar explicar. A culpa é de gente do naipe de Jaciara Santos.
Ouçam o que a criatura acaba de publicar. Por estas e outras, muitas outras, que tenho mandado a modéstia às favas. Quero nem saber.
Às aspas, maestro. (E cocem o bolso, rebain de disgrama. Chegou nova remessa, mas já vai acabar, aviso logo). Franciel Cruz
"De ingresias e outras chibanças" por Jaciara Santos
Uma amiga querida pede sugestões de livros aqui no Face. Eis que, nos comentários, brota uma torrente de autores consagrados: de Guimarães Rosa a Saramago, passando por Mia Couto, Euclides da Cunha e até o soturno adorável Edgar Allan Poe, entre outros. Nem penso duas vezes. Como se sob o efeito de substâncias (não) autorizadas pela Carta Magna, disparo a única sugestão possível na atual conjuntura: a maior obra do século dos últimos dias, a emblemática e porque não dizer catártica, libertadora e depuradora (será que exagerei?...) Ingresia, do bispo Franciel Cruz.
Muito tem-se falado sobre a egrégia publicação. Mas, recorrendo à muleta dos poucos letrados, faltam-me as palavras para descrever esta que é a maior obra de todo o Norte/Nordeste de Amaralina e de um pedaço de Sergipe. Peraê, agora é sério. Vamos parar com essa falta de esculhambação, rebain de herege. O seguinte é esse: já deu pra sacar que o vocabulário da gente se divide em antes e depois da leitura do Ingresia, né? Impossível ficar imune à leitura do livro do bispo. Parece que o palavreado gruda nazideia: a gente deixa o livro, mas o livro não deixa a gente.
Foram duas semanas de amancebamento despudorado. E duas, porque, propositalmente, eu ia prolongando a leitura. Voltava em algumas partes. Marcava, lia, ria, gargalhava, gozava,chorava. Sim. Porque – como diz a velha canção popular – o que dá pra rir também dá pra chorar. É que bateu forte a saudade ao (re)lembrar histórias de Irecê, o jornalista, não o município, em “Ecos do Bonfim de antanho” e foi impossível não ouvir o sotaque carregado de chinfra do velho Vicentão naquele “Rio Vermelho banhado de sangue”.
As gargalhadas foram abundantes (opa!) ao longo da obra, mas nada comparável à crise de riso incontrolável provocada pela tragicomédia (ou seria um hilariante tragédia?) de “O Amor no tempo da indelicadeza”. Ainda é difícil não rir, mesmo tendo relido o texto a ponto de já saber a história de cor e salteado. Detalhe: li a primeira vez, no ferry Ivete Sangalo, trajeto Salvador-Bom Despacho, horário das 14h, em um dia de semana. Existe algo mais constrangedor do que uma pessoa rindo sozinha de forma tresloucada? Pois é, o bispo me fez pagar esse mico. Juro!
Se a, digamos, incontinência fecal do protagonista d'O Amor no tempo da indelicadeza ainda me faz cócegas, as cagadas de gestores (pseudos e de à vera) resenhadas nos escritos francielescos só deixam um travo na garganta e confirmam o axioma do autor: “A vida (na Bahia) não é filme. É inconsequentemente mais insana.”
Mas, voltando à indicação de livros solicitada pela amiga, não me ocorre nada além das ingresias do bispo Françuel. Guimarães Rosa e Saramago, meuzamores, desculpem aê, mas, não tem jeito: o livro do ano desta semana é Ingresia. Bote fé". |